terça-feira, 17 de julho de 2012

A Vulnerabilidade dos GUARANI KAIOWÁ



(extraído do Jornal PSI – no. 172 de Jun/Jul – 2012 do Conselho Regional de Psicologia SP)

Um ligeiro zoom com o Google Maps sobre algumas áreas em torno do Cone Sul do Mato Grosso do Sul mostra o que poderia ser uma pintura abstrata: áreas de cultivo de cana, soja e milho formam um patchwork elegante e discreto em tons suaves de verde e marrom. É a superfície visível sobre a qual está assentada uma parte do agronegócio brasileiro, responsável por uma exportação recorde de 95 bilhões de dólares em 2011. O que a ferramenta do Google não mostra, mesmo elevando-se o zoom ao máximo, é o sofrimento, a miséria e o genocídio a que vem sendo submetido o povo Guarani Kaiowá que habita aquela região. Sitiados em aldeias, algumas espremidas em nesgas de matas cercadas de jagunços por todos os lados, cerca de 2 mil deles tentam se manter vivos, contra todo o poder à sua volta.
O símbolo maior da resistência a esse avanço é, ainda hoje, o cacique Marcos Veron, assassinado em 13 de janeiro de 2003, na aldeia Takuara. Levados à julgamento, três pistoleiros foram condenados por crime de sequestro, tortura e formação de quadrilha, mas absolvidos do crime de homicídio. O fazendeiro proprietário da fazenda Brasília do Sul, mandante do assassinato, ainda não sentou no banco dos réus. Desde então, a violência contra os Guarani Kaiowá no Mato Grosso do Sul aumentou.

Em 2007, por exemplo, 35 indígenas foram assassinados e houve pelo menos mais 26 tentativas, algumas delas envolvendo crianças entre 8 e 12 anos, segundo carta então endereçada à presidência da República pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI). Recentemente, em novembro de 2011, uma comunidade Kaiowá foi atacada por cerca de 40 pistoleiros. Um indígena foi assassinado e quatro desapareceram. Desde a morte de Veron, 258 lideranças foram exterminadas.

Pode-se procurar, além dos(as) culpados(as) de sempre, os(as) corresponsáveis por essa situação de tragédia.  O Artigo 231, parágrafo 1 e 4 da Constituição Federal, reconhece o direito à terra originária. Houvessem essas terras sido demarcadas conforme previsto desde 2008 pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e talvez os Guarani Kaiowá do Mato Grosso do Sul não estivessem enfrentando a perda do pouco que  lhes restou em processo de reintegração de posse que corre na justiça federal. Tivesse havido uma posição mais clara por parte dos órgãos de Estado no sentido de coibir a violência, e a situação naquela área poderia ser menos desesperadora. Não é por acaso que o Tribunal Popular da Terra, rede de organizações voltada à denúncia de violações aos Direitos Humanos realizou, em São Paulo, dois “julgamentos” do Estado brasileiro.

Tratam-se , é claro, de julgamentos políticos. Para recolher elementos de prova sobre a situação ali existente, mas também para dar visibilidade a uma questão que escapa tanto aos satélites do Google como à pauta jornalística da mídia dominante, o Tribunal Popular organizou uma expedição à região. Formada por 48 membros, entre eles indígenas, profissionais e representantes de entidades diversas, a viagem se estendeu dos dias 11 a 22 de janeiro desta ano e teve como objetivo principal a produção de um relatório.
(...) O clima de tensão ficou especialmente evidente no dia da visita à aldeia Laranjeira Nhánderu, no município de Rio Brilhante. Por ordem da Justiça , os(as) indígenas daquela aldeia já foram despejados(as) três vezes de suas terras e ficaram um ano e sete meses na beira da estrada. No último despejo, um jovem Guarani Kaiowá suicidou-se, cinco pessoas morreram atropeladas e um bebê de seis meses teve óbito por envenenamento. A aldeia, o que restou dela, fica sitiada por uma plantação de soja. Os acessos, quando a expedição para lá se dirigiu, foram impedidos por caminhões e por um dispositivo de arar a terra. Homens armados circulavam pelas redondezas bordo de veículos. Depois de contatos telefônicos com a Funai, a Polícia Federal e o Ministério da Justiça chegaram ao local (três agentes da PF e dois da Funai). A visita foi realizada, mas envolveu contatos com o dono da fazenda ao redor da aldeia. Na conversa, e como se tivesse direito para tanto, o proprietário conhecido como Raul “Português” tentou obter nome e RG dos(as) participantes da Expedição.

A presença de psicólogos(as) na expedição, teve como objetivo avaliar aspectos relativos à saúde mental da população indígena na região. Com as repetidas ameaças de morte, as pessoas vivem em permanente estado de tensão, afirma o conselheiro do CFP, Pedro Paulo Bicalho. O psicólogo Alessandro Campos acrescenta que os(as) indígenas não dispõem nem mesmo do tempo necessário para concluir o processo de luto. Todo esse sofrimento resulta em tragédias, como o aumento do número de suicídios na população indígena – fato que foi especialmente realçado pelo Mapa da Violência/2011, realizado pelo Instituto Sangari para o Ministério da Justiça. Vale lembrar que mais de 50 mil indígenas do povo Guarani Kaiowá que hoje sobrevivem em oito reservas demarcadas pelo Serviço de Proteção ao Índio em todo o Brasil enfrentam situações parecidas.

(...) A falta de profissionais para a demanda das aldeias também agrava o precário acompanhamento que é muito mais paliativo do que o exercício de uma política pública de prevenção. (...) Há ainda a degradação ambiental, o confinamento, a escassez de recursos como água e comida. Durante a expedição, por exemplo, ficou constatado que, em algumas aldeias, há três dias não havia comida nem para as crianças. Como isso não bastasse, outras formas de comprometimento são evidentes. “ Sua cosmovisão, que possui a função de organizar a subjetividade individual e o corpo social, é permanentemente golpeada e destruída por grupos religiosos que não respeitam suas crenças, por jagunços e por um Estado negligente e conivente com a violação de direitos humanos”, diz o psicólogo e professor Alessandro Campos.

Ainda que a expedição tenha alcançado seus objetivos mais imediatos, o educador social e um dos coordenadores da iniciativa representando o Tribunal Popular, Givanildo Manoel, está ciente de que a luta dos Guarani Kaiowá do MS está longe do fim. “Fora do Brasil o assunto tem muita repercussão; aqui dentro, menos”, afirma. Segundo ele, o brasileiro tem uma visão eurocêntrica do assunto: “Muitos acreditam que os indígenas utilizam espaços demais, que a terra deve ser utilizada de outras maneiras. O olhar do agronegócio está presente na visão do brasileiro e ninguém pensa nas consequências que isso pode trazer para o Brasil e para o mundo”, afirma. 

Esforços como o da expedição e os vídeos e fotos produzidos nas aldeias talvez ajudem a modificar a situação. Pela Internet, podem revelar aquilo que os satélites não têm condições de mostrar e o que muitos(as) outros(as) preferem não ver.

sábado, 14 de julho de 2012

Nunca parar de descobrir o mundo

O que de fato importa

Analisando estudos longitudinais, os psicólogos começam a se dar conta de que a imagem da meia-idade que tivemos durante muito tempo era incompleta e enganosa. Estudos reunidos por Barbara (Barbara Strauch - no livro "O melhor cérebro da sua vida" - Zahar - 2011) indicam que talvez seja a própria natureza do envelhecimento do cérebro que nos dá uma perspectiva mais ampla do mundo, uma capacidade de discernir padrões e até sermos mais criativos.
Nessa fase da vida as pessoas “estão mais aptas a avaliar aspectos de problemas complexos e encontrar respostas concretas, em comparação ao próprio desempenho 20 ou 30 anos atrás. Também é possível lidar mais calmamente com emoções e informações – valorizando o que realmente importa e deixando de lado o que pode (e deve) ser ignorado sem grande prejuízo.
Entre todas as habilidades singulares do cérebro maduro, talvez nenhuma seja tão ou potencialmente promissora quanto o talento para a “bilateralização”. Essa espécie de “truque” aprendido com o passar do tempo parece ser uma estratégia adaptativa que alguns cérebros adotam para se manter fortes. “Em algum ponto da meia-idade começamos a desenvolver a capacidade de usar com  maior frequência os dois hemisférios cerebrais, em vez de privilegiar um deles”, afirma Barbara. Ela salienta que essa descoberta ajuda a entender por que pessoas mais velhas tendem a ter uma visão panorâmica das situações e perceber interligações. Embora seja uma característica observada em outras épocas da vida ( e obviamente varie de indivíduo para indivíduo), o “talento bilateral” comumente se inicia na meia-idade.
É possível pensar que usar os dois hemisférios para fazer o que um só era capaz quando éramos mais jovens aponta para uma carência que pede compensação. Mas um aspecto intrigante da bilateralização é que não são os cérebros mais hábeis e capazes que passam por esse fenômeno, como simplesmente se recusassem a “entregar os pontos”. Quando as dificuldades começam a surgir, sem grande esforço o cérebro “acostumado a trabalhar” chama para si a responsabilidade e vai atrás do melhor resultado. “Usamos o que nos resta de melhor e talvez isso tenha seu maior impacto na meia-idade não por estarmos aposentados, mas por ainda estarmos trabalhando e ainda precisarmos muito de nossas faculdades em ordem’, afirma o neurocientista Roberto Cabeza, pesquisador da Universidade Duke que ajudou a desvendar esse truque neurológico. “Os hemisférios esquerdo e direito ficam mais integrados na meia-idade, abrindo caminho para maior criatividade”, considerou o psiquiatra Gene Cohen, pesquisador da Universidade George Washington. Morto em 2009, é autor de The mature mind (não publicado no Brasil). “Os neurônios em si talvez percam parte da velocidade de processamento com a idade, mas as informações se entrelaçam de maneira cada vez mais enriquecedora”, escreveu. Ele estudou os efeitos da arte sobre o cérebro e sustentou que a bilateralização pode favorecer a criatividade, já que facilita a conciliação de percepções intuitivas, afeto e interpretação de sinais faciais e corporais com a fala e o raciocínio lógico, por exemplo.
Na verdade, os cientistas imaginavam descobrir o inverso, já que durante muitos anos prevaleceu a convicção de que, ao envelhecer, o órgão mais sofisticado do corpo humano usava uma parcela muito menor dele mesmo – e não maior. O protótipo  da descrição do envelhecimento neural era semelhante ao de uma  lesão, e partia-se da crença de que, à medida que envelheciam, as pessoas se tornavam mentalmente mais preguiçosas. Medições anteriores, mais grosseiras, constatavam que a maioria dos cérebros mais velhos seriam cérebros fracos – por isso paravam de se esforçar muito e ativavam menos neurônios. Essa visão, entretanto, foi virada do avesso.
A autoimagem também pode ser um fator decisivo na qualidade do amadurecimento. Um estudo desenvolvido pela psicóloga Becca Levy, da Universidade Yale, mostrou que a memória de pessoas idosas melhorava depois da simples visão de palavras positivas associadas a envelhecimento – por exemplo, sensato, alerta, sábio e capaz. Mesmo quando os vocábulos foram exibidos depressa demais para que os participantes se conscientizassem da leitura, em algum nível ela surtiu efeito. Já os qe viam de relance palavras negativas como declínio, senil, decrépito, demência e confuso se saíam pior nos testes de memória.
O psicólogo  Thomas Hess, da Universidade Estadual da Carolina do Norte, constatou que as atitudes são como profecias que sempre se realizam. Em seus estudos, as pessoas acima de 60 anos apresentavam pior desempenho nos testes de memória quando primeiro lhes era dito algo negativo sobre a velhice, como informar que o estudo que estava para começar era sobre “como a idade afeta a aprendizagem e a memória”. No entanto, quando primeiro eram apresentadas informações como a “ de que não há grande declínio da memória como o envelhecimento”, o desempenho nos testes melhorava. Constatações como essas confirmam que o cérebro maduro é ainda um fascinante mistério – e, talvez, estejamos começando a descobrir que o melhor ainda está por vir.


(extraído do artigo de mesmo nome da revista "Mente e Cérebro" - Edição especial nº 32 – de escrito por Selma Corrêa – jornalista)

Julho de 2012.

O TERCEIRO CAMINHO - Uma mensagem de Jeshua canalizada por Pamela Kribbe em junho de 2012


(apenas parte do texto)

A única maneira de não se tornar inconsciente é observar silenciosamente a extensão completa da emoção, mantendo-se, assim, inteiramente presente. Você não se deixa envolver – nem pela emoção, nem pelo julgamento da emoção. Você observa-a em total consciência e com um sentimento de suavidade: “É assim que acontece em mim. Vejo a raiva surgir em mim; sinto-a percorrer meu corpo. Meu estômago reage… ou meu coração. Meus pensamentos estão correndo para justificar minha emoção. Meus pensamentos me dizem que estou certo e não a outra pessoa.” Tudo isto você pode ver acontecendo enquanto se observa, mas você não vai junto. Você não mergulha nisso, não se afoga. Isto é consciência – isto é clareza de mente. E, deste modo, você põe para descansar todos os “demônios” da sua vida: o medo, a raiva, a desconfiança. Você lhes dá força quando se identifica com eles, ou quando os combate com julgamento – das duas formas, você os alimenta. O único modo de transcendê-los é se elevar acima deles, por assim dizer, com a sua consciência – não lutar contra eles, mas simplesmente deixá-los ser o que são.

O que acontece com você então? A consciência não é algo estático; as coisas não se mantém como são. Você perceberá que, se não alimentar as energias da emoção ou do seu julgamento a respeito dela, elas se dissiparão gradualmente. Em outras palavras, seu equilíbrio torna-se mais forte; seus sentimentos básicos passam a ser os de paz e de alegria. Porque, se não há mais batalha no seu coração e na sua alma, a alegria vem borbulhando para cima. Você enxerga a vida com um olhar mais brando. Você vê o movimento das emoções no seu corpo e o observa. E observa também os pensamentos que começam a correr pela sua cabeça, com um olhar suave e brando. Saiba que a capacidade de observar e não ser engolido é algo muito poderoso e forte. Esta é a saída!


sexta-feira, 6 de julho de 2012

O dia número UM


Todos os dias parecem iguais. O número um, o dois, o três.... até o 365º dia.
Será assim mesmo? Ou somos nós que os tornamos monótonos e idênticos?
E será que somos assim tão inconscientes?
“A vida é tão rara...”, como dizia o Lenine em sua linda música.
A vida é única para cada um de nós. Ela começa e acaba. Mas nós vivemos como se ela fosse sem fim, mas não é.
Então, como podemos celebrar a vida?
Vivendo cada dia como se fosse o único dia, o dia número UM.
Deveríamos viver cada dia dando o melhor de nós ao trabalho, aos colegas, aos amigos, aos amores, aos filhos, aos pais, à família.
Mesmo que esse dia tenha sido infernal, ainda assim, aprendemos algo, dissemos ou fizemos alguma coisa que ajudou alguém. Alguém nos disse algo que nos ajudou, ou , pelo menos, um sorriso e um bom dia nós demos e recebemos.
O que ocorre é que focalizamos nossa atenção no ruim, sempre no ruim, e poucas vezes no bom.
Não estou dizendo que devemos enterrar a cabeça no buraco, como faz o avestruz.
Mas, podemos extrair de nosso dia um pouco de felicidade, mesmo que seja um instante fugaz.
E felicidade é isso: pequenos momentos que deixamos passar devido à nossa onipotência em achar que somos os únicos que sofrem ou que têm problemas.
A vida é rara e complexa, e temos a obrigação, como seres inteligentes que somos, em torná-la boa para nós e para os outros, construindo em nossos dias, esses momentos felizes, que nos alimentam e nos dão a sensação de estarmos unidos, de fazermos parte desta imensa rede – a humanidade.

Marcia Maria de Rizzo - 06-07-2012
Olá, receba as boas vindas e um abraço.
Marcia

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