domingo, 13 de novembro de 2011

Inteligências Múltiplas – texto extraído da revista Mente e Cérebro no. 224

Em 1979 um grupo de pesquisadores associados à Faculdade de Educação de Harvard recebeu uma doação significativa da Fundação Bernard van Leer, holandesa. A verba foi destinada a uma finalidade grandiosa: membros do Projeto do Potencial Humano (como viria a ser chamado) foram incumbidos de realizar um estudo sobre a natureza da capacidade humana e como poderia ser mais bem compreendida. Quando os principais investigadores do grupo estabeleceram suas próprias atribuições, Howard Gardner recebeu a tarefa de escrever um livro relatando o que havia sido realizado sobre a cognição humana no âmbito das descobertas nas ciências biológicas e comportamentais. E assim surgiu o programa de pesquisa que acabou resultando na teoria das inteligências múltiplas (IM).
Em determinado momento, Howard Gardner decidiu chamar as faculdades humanas de ‘inteligências múltiplas”, em vez de “capacidades ordenadas”, ou “talentos diversos” (ele escreveu o livro Frames of Mind ).

Ele percebeu que deveria considerar as implicações educacionais da teoria das IM, e isso chamou mais a atenção de educadores que de psicólogos – ele sugeria que os seres humanos não possuem somente uma única inteligência (chamada pelos psicólogos de “g” – inteligência geral). Na verdade, o ser humano apresenta um conjunto de inteligências relativamente autônomas.
Apesar disso, em qualquer momento da vida, os pontos intelectuais fortes e fracos característicos de uma pessoa estão sujeitos a variações por razoes genéticas e por causa das experiências vividas. Ou seja, o ser humano é um conjunto de computadores com possibilidades específicas – as múltiplas inteligências, que funcionam de modo relativamente independentes umas das outras.

Ele propôs três aplicações para o termo “inteligência”:
1-      propriedade de todos os seres humanos (todos têm pelo menos oito delas);
2-      dimensão na qual as pessoas diferem (nem mesmo gêmeos idênticos têm o mesmo perfil de inteligência);
3-      a forma com alguém realiza uma tarefa guiado por suas próprias metas (aqui entra o querer pessoal, o desejo);

Como informação, o córtex cerebral humano é a região cheia de circunvoluções que tem ligação mais forte com a inteligência. Se ele fosse aplainado, cobriria quatro páginas de papel sulfite; o do chimpanzé, uma só página; o do macaco-prego, um cartão-postal e o do rato, um selo.
A teoria das inteligências múltiplas (IM) parte da idéia de que todos têm capacidade de desenvolver diversos tipos de habilidades. O potencial de cada um é resultado da interação dessas competências, que aparecem em doses variadas até no mesmo indivíduo ao longo da vida. Além das oito, abaixo descritas, Howard Gardner fala de uma “meia inteligência”, uma espécie de “marca pessoal”, que torna único o somatório das capacidades de cada pessoa.

AS OITO CAPACIDADES OU TALENTOS HUMANOS

1 – Domínio da linguagem e facilidade em suar as palavras ou desejo de explorar suas possibilidades. Própria de poetas, escritores, lingüistas.
2 – Capacidade de compreender o mundo visual, modificar percepções e recriar experiências visuais mesmo sem estímulo físico. Comum em arquitetos, artistas, escultores, cartógrafos, navegadores, enxadristas.
3 – Habilidade para confrontar e avaliar objetos e abstrações, bem como discernir suas relações e princípios subjacentes. Típica de matemáticos, cientistas, filósofos.
4 – Competência para ouvir, compor e executar obras com intensidade e ritmo. Pode estar relacionada a outras inteligências, como lingüística, espacial e corporal-cinestésica. Aguçada em compositores, maestros, músicos, críticos de música.
5 – Capacidade de controlar e comandar movimentos do corpo e manejar objetos habilmente. Bastante desenvolvida em dançarinos, atletas, atores.
6 – Possibilidade de determinar humores, sentimentos e outros estados mentais em si mesmo (inteligência intrapessoal) e em outros (inteligência interpessoal). Presente em psicólogos, psicanalistas, psiquiatras, políticos, líderes religiosos, antropólogos).
7 – Talento para reconhecer e categorizar objetos naturais. Biólogos e naturalistas costumam ter essa habilidade.
8 – Facilidade para apreender questões amplas, fundamentais da existência. Própria de líderes espirituais, pensadores, filósofos.

(de Howard Gardner – doutor em psicologia, professor da Faculdade de Educação da Universidade de Harvard e criador da teoria das inteligências múltiplas)

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Marcia

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