quinta-feira, 5 de abril de 2012

O acaso nas relações humanas


O acaso não existe. Nossos amigos, colegas de trabalho, namorados, maridos, amantes e familiares estão em nossas vidas por motivos que vão muito além da capacidade do nosso entendimento racional.

O encontro entre duas pessoas é sempre importante – há um motivo maior para elas terem se encontrado. Cada ser é um mundo completo e reproduz o universo maior. Espelha toda a complexidade da vida e das relações humanas.

Ao nos relacionarmos com qualquer pessoa, seja através de um olhar, de um toque ou de uma palavra, entramos naquela fração de universo que corresponde aquele ser.

Somos células de um organismo maior, e para o bom funcionamento deste, tudo deve estar orquestrado e harmonizado. Parece haver um princípio maior que rege essa orquestra, e que mantém os corpos e mentes das pessoas funcionando e com saúde.

Ao nos afastarmos desse princípio, nossa saúde física, emocional, mental e espiritual sofre distorções, que podem chegar até o plano físico.

A saúde é restabelecida quando nos re-alinhamos com a totalidade, com os nossos mais íntimos desejos e aspirações, e principalmente, quando “ouvimos” nossas emoções. Elas nos protegem e nos conectam com o maior, com o princípio organizador, que podemos chamar de inconsciente, de self ou de fonte. O nome é o que menos importa. O que conta é que nos dirigimos para certas experiências para resolvermos determinados “nós”, que ao serem desfeitos, propiciam um maior nível de felicidade pessoal.

Marcia Maria de Rizzo
Abril de 2012

domingo, 1 de abril de 2012

Nova Cosmologia e Libertação

Tempos atrás o Museu Americano de História Natural fez uma consulta entre biólogos  perguntando se eles acreditavam que estávamos no meio de uma extinção em massa. 70% responderam positivamente que sim. O renomado cosmólogo Brian Swimme, autor junto com Thomas Berry de uma das mais brilhantes narrativas da história do Universo (The Universe Story,1992) foi perguntado o que poderíamos fazer, respondeu:”O universo já vem, há tempos, fazendo a sua parte para deter o desastre; mas nós temos que fazer a nossa. E o faremos mediante o despertar de uma nova consciência cosmológica, vale dizer, se ajustarmos  nossas condutas à lógica do Universo. Mas não estamos fazendo o suficiente”.


Que quer dizer esta resposta? Ela acena para uma nova  consciência que assume a responsabilidade coletiva com referência à proteção de nossa Casa Comum e à salvaguarda de nossa civilização. E ajustar nossas condutas à lógica do Universo significa responder aos apelos que nos vem do assim chamado “princípio cosmogênico”. Este é o que estrutura a expansão e a autocriação do universo com todos os seus seres inertes e vivos. Ele se manifesta por três características: a diferenciação/complexificação; a subjetividade/interiorização; e a interdependência/comunhão.


Em palavras mais simples: quanto mais o universo se expande, mais se complexifica: quanto mais se complexifica mais ganha  interiozação e a subjetividade (cada ser tem seu modo próprio de se relacionar e fazer a sua história) e quanto mais ganha interiorização e subjetiviadade  mais os seres todos entram em comunhão entre si e reforçam sua interdependência no quadro de um pertencimento a um grande Todo. Comentam Berry/Swimme:”Se não tivesse havido complexidade (diferenciação), o universo ter-se-ia fundido numa massa homogênea; se não tivesse havido subjetividade, o universo ter-se-ia tornado uma extensão inerte e morta: se não tivesse havido comunhão, o universo ter-se-ia transformado num número de eventos isolados”.

Nós teólogos da libertação, em quarenta anos de reflexão, temos  tentado explorar as dimensões econômicas,sociais, antropológicas e espirituais da libertação como resposta às opressões específicas. No contexto da crise ecológica generalizada, estamos tentando  incorporar esta visão cosmológica. Esta nos obrigou a quebrar o paradigma  convencional com o qual organizávamos nossas reflexões, ligadas  ainda à cosmologia mecanicista e estática. A nova cosmologia vê diferentemente o universo, como um processo incomnsurável de evolução/expansão/criação, envolvendo tudo o que se passa em seu interior, também a consciência e sociedade.

Em termos do princípio cosmológico, libertação pessoal significa: libertar-se de amarras  para sentir-se em comunhão com todos os seres e com o universo,  fenômeno que os budistas chamam de “iluminação” (satori), uma experiência de não-dualidade e que São Francisco viveu no sentido de uma irmandade aberta com todos os seres. Em termos sociais, a libertação, à luz do princípio cosmogênico é: a criação de uma sociedade sem opressões onde as diversidades são valorizadas e expandidas (de gênero, de culturas e caminhos espirituais). Isso implica deixar para trás a monocultura do pensamento único na política, na economia e na teologia oficial. Este é o principal fator de opressão e de homogeneização.

A libertação requer também um aprofundamento da interioridade. Esta já não se satisfaz com o mero consumo de bens materiais; pede valores ligados à criatividade, às artes, à meditação e à comunhão com a Mãe Terra e com o Universo. A libertação resulta do reforço da “matriz relacional” especialmente com aqueles que sofrem injustiças e são excluidos. Esta matriz nos faz sentir  membros da comunidade de vida e filhos e filhas da  Mãe Terra que através de nós sente, ama, cuida e se preocupa pelo futuro comum.

Por fim, a libertação na perspectiva cosmogênica demanda uma nova consciência de interdependência e de responsabilidade universal. Somos chamados a reinventar nossa espécie, como o fizemos no passado nas várias crises pelas quais a humanidade passou. Agora ela é urgente porque não temos muito tempo e  devemos estar à altura dos desafios da atual crise da Terra.
Domingo, 01-04-2012

Olá, receba as boas vindas e um abraço.
Marcia

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